quarta-feira, 27 de abril de 2011

Gosto de justificar a procrastinação com as palavras sábias de um ilustre poeta (seja lá ele quem for)

Estava a trabalhar e até o trabalho me diz para o largar!!

"Vem ao baile vem ao baile
Pelo braço ou pelo nariz
Vem ao baile vem ao baile
E vais ver como te ris

Deixa a tristeza roer
As unhas do desespero
Deixa a verdade e o erro
Deixa tudo vem beber

Vem ao baile das palavras
Que se beijam desenlaçam
Palavras que ficam passam
Como a chuva nas vidraças
..........................................." O Alexandre O'Neil sabia o que dizia

O poema surge como justificação ao seguinte excerto:
"O convite mais eufórico de O’Neill à comunhão global do ser humano com a
linguagem da poesia, simultaneamente linguagem do corpo e do espírito, está contido
na série de seis quadras que compõem o poema “Um Carnaval”. Através da subversão
carnavalesca, demoníaca, da vulgaridade do quotidiano, a palavra é festa em movimento
vertiginoso, lugar de reformulação e esconjuro das estruturas desgastadas do real, ao
mesmo tempo que, por inerência, se volve em fonte de saúde mental e biológica para
aqueles que a manuseiam:"
 
In.http://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/documentos/ot_oneill_nogueira_a.pdf

3 comentários:

  1. Gostei deste teu devaneio sobre o grande Alexandre O`Neil.
    Aqui fica um poema pouco original de O`Neil:

    O medo vai ter tudo
    pernas
    ambulâncias
    e o luxo blindado
    de alguns automóveis
    Vai ter olhos onde ninguém o veja
    mãozinhas cautelosas
    enredos quase inocentes
    ouvidos não só nas paredes
    mas também no chão
    no teto
    no murmúrio dos esgotos
    e talvez até (cautela!)
    ouvidos nos teus ouvidos
    O medo vai ter tudo
    fantasmas na ópera
    sessões contínuas de espiritismo
    milagres
    cortejos
    frases corajosas
    meninas exemplares
    seguras casas de penhor
    maliciosas casas de passe
    conferências várias
    congressos muitos
    ótimos empregos
    poemas originais
    e poemas como este
    projetos altamente porcos
    heróis
    (o medo vai ter heróis!)
    costureiras reais e irreais
    operários
    (assim assim)
    escriturários
    (muitos)
    intelectuais
    (o que se sabe)
    a tua voz talvez
    talvez a minha
    com a certeza a deles
    Vai ter capitais
    países
    suspeitas como toda a gente
    muitíssimos amigos
    beijos
    namorados esverdeados
    amantes silenciosos
    ardentes
    e angustiados
    Ah o medo vai ter tudo
    tudo
    (Penso no que o medo vai ter
    e tenho medo
    que é justamente
    o que o medo quer)
    O medo vai ter tudo
    quase tudo
    e cada um por seu caminho
    havemos todos de chegar
    quase todos
    a ratos

    Alexandre O'Neill

    ResponderEliminar
  2. Eu tinha falado do tédio existencial, mas fois depois, numa pesquisa para o trabalho que que estava a fazer que dei de caras com aquele poema, que se encaixava em tudo o que tinha dito no meu post lol.
    Oh pá, sobre o teu poema, a este ponto, acho que o medo já tem quase tudo...

    ResponderEliminar
  3. Eu percebi que o conteúdo do teu post tinha a ver sobre um trabalho que estavas a fazer.
    :)))

    ResponderEliminar