"Vem ao baile vem ao baile
Pelo braço ou pelo nariz
Vem ao baile vem ao baile
E vais ver como te ris
Deixa a tristeza roer
As unhas do desespero
Deixa a verdade e o erro
Deixa tudo vem beber
Vem ao baile das palavras
Que se beijam desenlaçam
Palavras que ficam passam
Como a chuva nas vidraças
..........................................." O Alexandre O'Neil sabia o que dizia
O poema surge como justificação ao seguinte excerto:
"O convite mais eufórico de O’Neill à comunhão global do ser humano com a
linguagem da poesia, simultaneamente linguagem do corpo e do espírito, está contido
na série de seis quadras que compõem o poema “Um Carnaval”. Através da subversão
carnavalesca, demoníaca, da vulgaridade do quotidiano, a palavra é festa em movimento
vertiginoso, lugar de reformulação e esconjuro das estruturas desgastadas do real, ao
mesmo tempo que, por inerência, se volve em fonte de saúde mental e biológica para
aqueles que a manuseiam:"
linguagem da poesia, simultaneamente linguagem do corpo e do espírito, está contido
na série de seis quadras que compõem o poema “Um Carnaval”. Através da subversão
carnavalesca, demoníaca, da vulgaridade do quotidiano, a palavra é festa em movimento
vertiginoso, lugar de reformulação e esconjuro das estruturas desgastadas do real, ao
mesmo tempo que, por inerência, se volve em fonte de saúde mental e biológica para
aqueles que a manuseiam:"
In.http://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/documentos/ot_oneill_nogueira_a.pdf
Gostei deste teu devaneio sobre o grande Alexandre O`Neil.
ResponderEliminarAqui fica um poema pouco original de O`Neil:
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
ótimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projetos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles
Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Alexandre O'Neill
Eu tinha falado do tédio existencial, mas fois depois, numa pesquisa para o trabalho que que estava a fazer que dei de caras com aquele poema, que se encaixava em tudo o que tinha dito no meu post lol.
ResponderEliminarOh pá, sobre o teu poema, a este ponto, acho que o medo já tem quase tudo...
Eu percebi que o conteúdo do teu post tinha a ver sobre um trabalho que estavas a fazer.
ResponderEliminar:)))